Sem citar Trump, países da Celac dizem 'rechaçar' ações unilaterais que restringem comércio; Argentina e Paraguai não assinam
Declaração foi divulgada após líderes de países da América Latina e do Caribe participarem de cúpula em Honduras. Documento defendeu que mulher latina se...

Declaração foi divulgada após líderes de países da América Latina e do Caribe participarem de cúpula em Honduras. Documento defendeu que mulher latina seja a próxima secretária-geral da ONU. Em declaração conjunta divulgada após a cúpula de chefes de Estado e de governo, os países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) afirmaram "rechaçar" ações unilaterais que restringem o comércio internacional. 🔎O documento não é assinado pelos governos de Argentina, Paraguai e Nicarágua. Miriam: pressão de empresas americanas influenciou recuo tarifário de Trump O Brasil faz parte da Celac, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compareceu ao encontro em Tegucigalpa (Honduras) (leia mais abaixo os detalhes do discurso do presidente). Embora não faça menção ao nome do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a declaração foi divulgada num contexto em que a Casa Branca tem imposto tarifas a produtos importados vendidos no mercado americano, o que tem provocado instabilidade no mercado internacional, além de reações de países e blocos. "[Os chefes de Estado e de governo da Celac] declaram rechaçar a imposição de medidas coercitivas unilaterais, contrárias ao direito internacional, incluídas as restritivas ao comércio internacional", diz trecho da declaração. Antes de a cúpula começar, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil já havia dito que seria difícil se chegar a um consenso entre os países da Celac sobre o "tarifaço" de Donald Trump. O Itamaraty já havia informado também que, se houvesse menção ao tema, de forma direta ou indireta, se limitaria a "um parágrafo". Isso porque, embora muitos países da região — a exemplo de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Colômbia — tenham sido taxados da mesma maneira, isto é, com 10%, os impactos serão distintos e as relações comerciais desses países com os Estados Unidos são diferentes. Além disso, alguns outros países sofreram taxas ainda maiores, entre os quais Venezuela (15%), Nicarágua (18%) e Guiana (38%). Nesse cenário, as reações dos países ao "tarifaço" foram diferentes. No Mercosul, por exemplo, enquanto o Brasil e o Uruguai defenderam a continuidade das negociações com os Estados Unidos, a Argentina disse que vai atender a todos os pedidos do governo americano, e o Paraguai comemorou ter ficado com a menor taxa entre as possíveis. Trump no Salão Oval da Casa Branca em 9 de abril de 2025 REUTERS/Nathan Howard O discurso de Lula Durante o discurso na cúpula da Celac, o presidente Lula afirmou que tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional, acrescentando que "guerras comerciais não têm vencedores". "Agora, nossa autonomia está novamente em cheque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região", afirmou o presidente. "Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores", acrescentou. Latina como secretária-geral da ONU O documento final da cúpula da Celac também destacou a defesa do grupo por uma candidatura única da região à Secretaria-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e que a candidata seja uma mulher. O Brasil já se manifestou favoravelmente a essa candidatura de uma latina. A declaração não menciona nomes, mas o governo brasileiro já citou entre as "excelentes candidatas" a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet; a atual primeira-ministra da Barbados, Mia Mottley; e a ex-vice-presidente da Costa Rica Rebeca Grynspan. O mandato do atual secretário-geral da ONU, o português Antonio Gutérres, acaba no ano que vem. Os países da Celac entendem que, pelas regras de rotatividade, o próximo secretário-geral dever ser indicado pela América Latina.